Apesar da falta de popularidade, o hard rock japonês da década de 1970, apresentou uma série de ótimos grupos que criaram discos de grande qualidade ao longo dos anos.
Nomes como Flower Travellin' Band, Blues Creation, Far East Family Band, e Strawberry Path entre outros, um dos grupos que podemos reconhecer como de primeira linha é o Flied Egg. Apesar da origem nipônica, o grupo trazia todas as características do rock inglês da época.
A banda estreou em 1972, com “Dr. Siegel’s Flied Egg Shooting Machine”, apresentando um vigoroso hard rock com pitadas progressivas, aliado a excelentes canções e interpretações bem humoradas.
Abrindo o disco. a faixa-título traz semelhanças ao que Frank Zappa e seu Mother's Invention fazia na mesma época.
O classic rock é apresentado na boa levada de “Rolling Down The Broadway”, claramente influenciada pelo Uriah Heep.
Com uma guitarra à lá Mick Box, o grupo mostra eficiência instrumental além de que o vocalista se apresenta com técnica e garra. Aliás, o Flied Egg contava com o baterista como cantor principal, fato não tão comum no rock.
“I Love You” (o título já denuncia) é uma balada melosa e romântica, destoando um pouco do todo, com direito a violinos, refrão para lá de romântico, mas não se pode dizer que a melodia não seja bonita. Sem dúvida, poderia ser hit radiofônico na época se bem divulgado.
Na sequência, o grupo ataca com “Burning Fever”, tal qual Led Zeppelin, num tremendo hard rock, pesado até a alma, principalmente se considerar a época de quando foi gravado. Um verdadeiro petardo sonoro onde Jimmy Page é a maior influência já que as intervenções do guitarrista são os grandes destaques.
A primeira parte de “Plastic Fantasy” é simplesmente magnífica. Na introdução inicial de 30 segundos, piano alto e pomposo junto com órgão e violino emocionantes podem causar arrepios. Aí começa o vocal. Bela obra de arte liderada por um piano brilhante e peças de órgão de uma maneira verdadeiramente sinfônica. Por volta das 3h30 podemos ouvir algum tema de piano de brinquedo, depois de um tempo a música começa a soar um pouco infantil. A música termina com um refrão que é repetido várias vezes até que a música desapareça. Uma boa música e uma das mais progressivas do álbum.
“I’m Gonna See My Baby Tonight”, lembra muitíssimo o Uriah Heep em “Easy Leavin” de “Demons and Wizards”.
“Oke-Kas” mostra uma maior inclinação para o rock progressivo, e traz uma longa sequência de teclado, muito parecida a momentos de Emerson, Lake and Palmer que nesta época estourava em todo o mundo.
“Someday”, junto com “I Love You” é outra balada do disco. Os arranjos de cordas são um pouco mais discretos e as melodias de piano/cravo (ou talvez celeste?) dão um toque um pouco barroco aqui e ali. Boa balada pop com vocais emocionantes e arranjos inteligentes.
O álbum fecha com a épica “Guide Me To The Quietness”, na qual guitarra e teclados dão um verdadeiro show, uma incrível música que emociona a qualquer fã do clássico rock and roll setentista.
Apesar de não primar pela originalidade, o Flied Egg se coloca quase no mesmo nível dos grandes nomes japoneses, pelo menos no quesito técnica já que o som do grupo soa extremamente bom e poderoso.