Quando parecia que já era hora dos Rolling Stones entrarem no estúdio, Keith Richards ficava esperando uma ligação, a de Mick Jagger. O frontman perguntaria se a banda não devia estar fazendo alguma coisa. Do outro lado da linha, Richards respondia com tranquilidade: “Ok, vamos nos reunir”.
A história do álbum “A Bigger Bang” começa em junho de 2004, pouco depois de Charlie Watts ter sido diagnosticado com câncer de garganta. A possibilidade de recuperação total era de 90%, nada mal, mas isso não diminuiu a preocupação de Mick Jagger, que pensava até se o amigo estava comendo direito.
As sessões para o álbum começaram naquele período no estúdio da residência de Jagger, Le Château de Fourchette, localizada em Pocé sur Cisse, na França. Keith percebeu que o álbum iria nascer naquele lugar, além de sentir que não era essa a vontade de Mick, o que fez Richards dizer: “Escute, era uma vez: Nós gravando um disco no Sul da França na minha casa, e se chama ‘Exile On Main St’, e agora é a sua vez”.
A Bigger Bang acabou tendo uma semelhança com “Exile On Main St”. O álbum de 2005 é o segundo maior disco dos Stones em questão de duração com pouco mais de 63 minutos, em vinil foi lançado como LP duplo em uma belíssima edição.
“Havia uma atmosfera relaxante enquanto fazíamos este. Parte foi feita na França e nas Bahamas – eram quartos pequenos e pouca tecnologia. Você tem que trabalhar nisso. Sempre há o momento inspirador e depois há o momento de fazê-lo, mas muito dele eu achei bastante fácil de escrever. Não escrevi tudo isso com Keith no quarto. Eu gosto de escrever um monte de coisas por conta própria e não gosto de pessoas ao redor quando estou fazendo as letras. Keith sempre diz que estão no ar. Elas realmente não estão, você precisa fazê-las", disse Mick Jagger.
Em agosto, o grande público recebe a notícia de que Charlie estava com câncer, a banda continuava trabalhando apenas em demos até o mês de novembro de 2004, quando Watts retornou aos Stones completamente livre da doença. Ali finalmente começavam as sessões com músicas como “Streets Of Love”.
“Não havia nenhuma dúvida de que Charlie iria se livrar [do câncer]. Eu pensei o quão demorado e debilitante isso deve ser, o que Charlie me respondeu com detalhes quando ele voltou. Ele parecia o mesmo, como se ele não tivesse feito nada além de ter penteado o cabelo e colocado um terno... Quando ele voltou, nós ainda estávamos trabalhando canções, ensaiando. Geralmente você não deixa tudo pronto em um ensaio. Você demora um pouco. Mas Charlie voltou e provou: ‘Eu estou de volta’. Ele tocou cada ensaio como um show", contou Keith Richards.
No ano seguinte, de março até abril, os Stones continuaram trabalhando ainda em La Fourchette. Em seguida, a banda volta para os Estados Unidos e ensaia no S.I.R. Studios em Nova York, já que um dia depois estariam na Julliard School Of Music para anunciar a próxima turnê mundial em uma conferência de imprensa que aconteceu em 10 de maio de 2005.
Pouco antes disso, Charlie quebrou o esterno (um osso em formato de “T” localizado na parte anterior do tórax) em um acidente de carro quando ainda estava na França. A história que circulou na época foi a de que Watts estava em uma limusine e seu motorista teria caído no sono.
Depois de todas as preocupações terem ficado para trás, os trabalhos para o álbum são finalizados em junho com overdubs feitos no Way Recording Studios, em Los Angeles.
A faixa “Oh No, Not You Again” foi uma das últimas a serem trabalhadas, essa foi a primeira música do ainda não lançado disco a ser tocada em frente a uma plateia durante a performance na Juilliard School.
O álbum “A Bigger Bang” foi lançado em 5 de setembro de 2005 na Europa e no dia seguinte na América do Norte. O disco foi 3º lugar nos EUA, 2º lugar no Reino Unido e 1º lugar em diversos países como Canadá, Suécia e Alemanha.