Após lançar Rádio Pirata Ao Vivo (1986), o RPM criou enorme expectativa sobre o próximo trabalho, o que trouxe algumas consequências boas e outras nem tanto.
Quatro Coiotes sofreu comparações demasiadas, e isso serviu para expor as diferenças entre os dois trabalhos, e ofuscou este que é considerado um dos melhores trabalhos da carreira da banda, lançado dois anos depois de Rádio Pirata.
O grupo formado por Paulo Ricardo (vocal, baixo e violão), Fernando Deluqui (guitarra, violão e vocais), Paulo P.A. Pagni (bateria, percussão e vocais) e Luiz Schiavon (teclados) implodiu, pois Schiavon queria algo meio Duran Duran do álbum Notorious e os outros três algo mais rock and roll.
Aparadas algumas arestas, a banda resolveu entrar em estúdio e gravar, e pra começar, a faixa-título, que nasceu de um sonho de Paulo com coiotes, tem boa guitarra funkeada, que é uma viagem, mas foi mal compreendida. A Dalia Negra é uma declaração de amor, e também tem guitarra funkeada e boa. Um Caso de Amor Assim é uma bonita balada que é uma história de amor de P.A., feita pra tocar em rádio. Ponto de Fuga tem boas viradas de bateria e baixo ditando o ritmo. Partners é uma outra bela balada com belos metais e pegada blues. A Estratégia do Caos é cadenciada e tem bonita melodia. Sete Mares é poética e boa. Quarto Poder é uma bonita instrumental, com a frequência de uma rádio ou de um rádio. O Teu Futuro Espelha Essa Grandeza mostra o experimentalismo da banda com Bezerra da Silva, que era do samba, mas com atitude rock and roll e ficou bem interessante.
Vale lembrar que em 1987, a banda gravou um EP com duas excelentes canções (Homo Sapiens e Feito Nós) em parceria com Milton Nascimento, mas que não foram bem aceitas pelo mercado.
Pra terminar, uma canção em inglês que destoa do restante do trabalho, Show It To Me, mas que ainda tem boa bateria.
Quatro Coiotes foi um fracasso de vendas, mas continua até hoje, sendo considerado por muitos, como o melhor trabalho do RPM.