O Ira! tem muita sorte de ter Nasi como um de seus integrantes. Um músico inquieto, fuçador, com influências diversas que, ao lado do guitarrista Edgard Scandurra, torna a banda um dos grandes nomes do rock brasileiro. Só que o cantor não guarda tudo o que tem de legal só para o Ira! e, frequentemente, lança trabalhos solo para mergulhar fundo em ritmos que ama, como o blues, rock’n’roll, country e o que mais vier pela frente. E Nasi abre agora seu leque musical com um novo álbum individual, o nono de sua carreira, o RockSoulBlues, que já está nas plataformas digitais e que, em breve, sairá também em vinil.
Todo mundo sabe que o cantor é fissurado por blues, ritmo que adora desde a adolescência. Já lançou alguns álbuns onde explorou a fundo o som característico da população negra do sul dos Estados Unidos. Mas agora, com este disco, a coisa é um pouco diferente. E o nome RockSoulBlues entrega os ritmos pelos quais Nasi passeia, já deixando claro que os fãs não vão ouvir apenas o velho e bom blues, mas também rock, country, eletrônica e até um tantinho de samba.
Neste disco, o vocalista do Ira! resgata canções não muito conhecidas de compositores brasileiros importantes como Martinho da Vila, Zé Rodrix, Tim Maia, entre outros. Tem ainda Blues do Gato Preto, única composta pelo próprio cantor e ainda recebe a blueswoman Nanda Moura para uma participação.
No processo de gravação, Nasi dá atenção especial a cada uma das faixas, gravando-as com feras em seus ritmos. O resultado é um álbum com sons variados, mas muito orgânico e com momentos muito inspirados.
"Eu comecei ouvindo blues muito cedo, na adolescência. Apesar de já ser roqueiro e apaixonado pelo som punk e ter montado uma banda como o Ira!, muito influenciada pelo punk inglês da época. "Eu já ouvia blues a partir de um guitarrista chamado Johnny Winter. Era um guitarrista albino. Ele fazia uma ligação muito legal entre o blues e o rock. E a partir dele fui descobrir os mestres do blues. Isso ainda no final da minha adolescência. Ele produziu o último disco do Muddy Waters, que se chama Hard Again (de 1977). Aí, fui atrás do Howlin' Wolf, Screamin' Jay Hawkins, B.B. King, Albert King... mas só como curtidor nessa época", conta Nasi.
Além de artistas de blues, o álbum traz material de artistas americanos de country & western, em um trabalho composto quase todo por versões de outros artistas.
"Eu, como intérprete, tão importante quanto escrever uma música é escutar uma música e falar ‘quero dizer isso’. Não fico preso a estas amarras de ser autor. Porque a interpretação também dá a autoria ao intérprete", afirmou.
RockSoulBlues será lançado em vinil, e como outros artistas, Nasi desafia o mercado, que não lança quase nada em álbuns fisicos. "Eu gosto, cara. Uns dois anos atrás até lancei um single, mas posso falar em meu nome e no nome do Edgard [Scandurra] e de outras figuras da minha geração: a gente cresceu tendo tesão no formato álbum, ou seja, músicas que conversam entre si, Lado A e Lado B. E eu gosto de fazer assim, não gosto de lançar uma coisa solta. Gosto de ter um conceito. Por exemplo, esse disco terá alguns extras no vinil", revelou o artista.